Livros Narrativas Performances

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Virada Cultural!!!
Vai ser um mergulho!
Muitas Histórias! Lugares diversos.

16 horas- livraria da vila cidade jardim Livro duas Cores

18 horas Sipurim IV Encontro de contadores de histórias
Centro de Cultura Judaica Rua Oscar Freire, 2500 (ao lado da estação Sumaré do Metrô)
Conto Mito de Origem

Depois disso diversas sessões para adultos e crianças dentro da Galeria Prestes Maia via de acesso ao vale do Anhangabaú até domingo às 18 horas!!!!!

Entre as histórias acontece narrativas visuais Uma proposta  de interação conduzida pela palavra pela imagem e pelo jogo.

Queridos Apareçam!!

P. S. Excepcionalmente a história na praça Victor Civita  ( domingo às 17)quem conta é minha querida Elenira Peixoto

quinta-feira, 24 de março de 2011

Todo mundo sabe dormir? Das despedidas

Participei essa semana de um programa da Record. Convite feito. Pensei Será?Resolvi dizer sim quando a jornalista disse é sobre um menino que não dorme e sobre sua mãe.

Então fui e encontrei a Barbarae o Kassen.Ela com olhos brilhantes e um amor de ver assim fácil. Largo e inteiro. Ele um menino de quase 2 anos curiosíssimo e doce que logo chega perto e observa a gente nos dando a chance de sermos irremediavelmente o que somos por que ele nos olhou de verdade e logo.

Conversei com Barbara li uma história chamada " Algum dia" e levei alguns livros " um Burrinho Grande" "Bons sonhos Rosa" " adivinha quanto eu te amo".

Veja a matéria

http://noticias.r7.com/blogs/chris-flores/2011/03/21/o-que-fazer-quando-a-crianca-nao-dorme/

Depois vi o programa e fiquei feliz por ter ido. Por te-los encontrado.Principalmente por perceber minhas palavras reverberando na Barbara.Senti saudades deles como se os conhecesse faz tempo.

E me deu uma vontade grande de compartilhar pensamentos que vieram desse encontro.Escrevi esse texto aqui em baixo:

 
Foto Rodrigo Terra

Despedida

Venho pra escrever do que não sei.Não sei me despedir. Não gosto sequer de dizer tchau ao telefone. Fico silenciosa esperando a pessoa dizer tchau e só então eu desligo.

Quando vi Barbara e Kassen o amor era muito grande.Ela era seu ninho.Um lugar para voltar.Ela o abrigou e agora ele estava crescido.Era bonito e em seus olhos havia a descoberta das pequenas coisas. Todas as coisas. Ele queria tocar com a ponta dos dedos.Ela o assistia com orgulho compartilhava seu tempo seu corpo seu olhar e a escuta cristalina de quando agente ama muito e quer ser uma casa ensolarada e fresca.Ela era.

Então a noite sempre chegava depois dos dias juntos.Era hora de ir.Ele sozinho. Ela sozinha.Ele deitava no lençol macio com a cor dos saltos do dia e a sensação do balanço no jardim e o colo dela.O abrigo delicioso de caber no colo dela, seu olhar de amor, surpresa e encantada por ele estar ali. Por ele ser ele.Ele buscava por ela à noite sempre.

Ela sozinha. Onde estariam seus pensamentos?. Nele no outro quarto talvez. Ela se desacostumou a estar só.É que o dia corria como um rio. Em uma só direção e nadavam juntos desde que ele nasceu. Antes disso até. Quando ele estava no seu desejo de ser mãe.

Foto Rodrigo Terra

E a noite não podia continuar o dia.Á noite tudo está escuro e o rio que corre tem outras corres outros sons. Era preciso fazer uma despedida.Eu não sei me despedir mas sei perceber quando é preciso e sempre tento uma duas tantas vezes. Chamei a Barbara e falei pra ela sobre se despedir.Ela me olhou silenciosa de olhos molhados. Queria-e-não-queria se despedir de seu pequeno menino grande.Já sentia nascer nele algo maior capaz de fazê-lo experimentar novas coisas. Sentia entre os dedos o tempo de passagem.

Ser é transitório.Um vir a ser iminente mora dentro e logo chega transformando tudo ao redor.Minha amiga Tania uma vez disse que ela perdia os olhos do filho e ao olhar de novo ele era outro. Barbara havia perdido os olhos de si e agora ela era outra.Precisava ouvir os ruídos dos sonhos de quem ela se tornaria depois de abrigar Kassen.E confiar que sua presença estaria pra sempre nele na forma da mais forte confiança de todas. Da de ser importante.Ser amado.Mesmo quando caminhasse só.

Dormir é uma despedida. Fechar os olhos não continua a claridade do quarto.Ouvir o coração e deixar ser. Desistir da vigília.E deixar serem as lembranças do dia os pensamentos menos lineares as histórias de sonhar.

É preciso deixar ir. Soltar as mãos. Deitar as coisas vividas e saber ser só outra vez.Quando só o que aquece é a presença silenciosa do amor que recebemos e que está nos nossos olhos nas costas e nas mãos e no desejo de ir.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Improvisação amor partido alto

Sim. Eu ligo amor, improvisação, partido alto, presença.


Vou tentar explicar. No amor agente não sabe qual a ultima palavra até que se tenha chegado ao fim da frase. Assim como não sabemos que palavra rirá quando na ultima frase vem a rima. A improvisação, o amor, o partido alto são coisas que - para encontrarem plenitude - precisam de entrega e presença. O desafio de mover-se.Ou como diz um menino precioso que conheci nas histórias jogar-se.



Foto Rodrigo Terra
Temporada sesc pompéia 2010

Ah! Deixa eu tentar de novo.

Vou começar pelo mais difícil. O Amor. Amar e ser amado. Poder amar alguém é um privilégio. Sentir a vida entrar pelos poros. E quase tudo tem musica. E tanta coisa faz sentido. É como cuidar de um lugar dentro de si. Mergulhar. É bonito em si. (E claro que é melhor se for correspondido).



Foto Rodrigo Terra
Foto temporada sesc pompéia 2010

Mas sinto que é como dançar. Para acontecer precisa de certo desequilíbrio próprio do movimento. Se tudo está parado estático estável não tem dança. Entende? Mas dá medo por que esse mover-se, esse espaço dentro, revela a geografia das nossas faltas. Nossas saudades de criança. Nossas noites de medo solitário no quarto. E tantas outras sensações. Nossa sede de ser amado, de ser olhado, ouvido, de ser importante de ter a beleza reconhecida. Ser amado faz existir. É algo que concede calor, vitalidade, impulso, vento e perfume.


E o movimento aproxima nossas faltas. E um medo grande vem. De tudo não ser. De falhar, de não vir nada quando precisarmos, de um branco, de um esvaziamento. De deixar de existir. Como na improvisação, o movimento, a entrega de esperar vir para falar. Dá vontade de se preparar pra ser irretocável. Mas sem margem para o erro só há o estático, não há dança, não há mover-se, não se versa.




Foto Rodrigo Terra
Foto temporada sesc pompéia 2010

Então no amor, no partido alto, na improvisação, na dança estamos falando das faltas. Dos espaços vazios, das perguntas sem respostas. Daquele sentido maior que chamamos verdade. E que agente não alcança mesmo. E só o que podemos fazer é cantar a falta, dançar as saudades, improvisar as histórias de amor. Versar com coragem como quem revela um segredo “ viver é impreciso e eu vim assim vestido em minhas faltas versar ( improvisar, amar)”.


É mesmo contraditório. Tem que conseguir olhar as faltas, aprender a brincar, jogar bola sozinho, ensaiar. Mas é diante do outro que a mágica acontece. E eu penso que diante do outro nossas faltas são um grande pote, uma piscina, um côncavo. Um vazio que quando mostrado mesmo indiretamente pela qualidade da ação, no caso versar. Ativa no outro a capacidade de amar, de mover-se, de mudar de lugar. Empatia. Eu também tenho faltas, eu também sinto medo de não ser.

Daí, nessa hora todo mundo deu a mão ( pense na platéia de uma história) a vida ainda está lá implacável, imprevisível, mas as pessoas estão juntas nas suas faltas compartilhadas e na capacidade de amor e presença que carregam por dentro de si.


Foto Rodrigo Terra
Oficina Joseph Beuys

Não há como preencher uma falta sempre. A falta nos constitui e pode permitir movimento, ação. Da falta vem o verso do outro, vem o cantar junto. Isso produz um sentido de comunhão que faz valer a pena estar na vida mesmo ela assim sem garantias.


Ser amado é bom. Sim, quente e macio. Um abraço. Um presente. Largar um pouco as proteções e ficar quieto no lugar protegido dentro do amor do outro. Com vento. Caminhar junto mostrando as fragilidades e fazendo com elas um vinculo. Sabe que vinculo = brinco= brincar. Então brincamos com nossas faltas falando sério. Dançamos com as palavras.Versamos um pouco. Acho que no fundo amar versar improvisar são da mesma natureza.